sexta-feira, outubro 21, 2011

«O documento inevitável…. ou talvez não tanto» - José Couto

foto «Diário as Beiras»
Ao olharmos para este orçamento – quando digo olhar refiro-me a um grupo de pessoas ligadas à atividade empresarial e associativa que procurou ler com cuidado o documento e refletir – ficámos com algumas dúvidas. Talvez estejamos a assistir a um processo criativo para que o rumo da economia seja definitivamente alterado e possamos ter orçamentos fiáveis, reformas necessárias concretizadas e desapareçam as barreiras ao processo de produção de riqueza e a necessária distribuição de rendimentos. Mas persistem dúvidas quanto às opções, porque se espera demais da capacidade de obter receitas através da coleta quando a expectativa é a economia contrair 2,8 por cento no próximo ano.
Gera preocupação acrescida não termos conseguido (ainda) perceber se existe uma ideia estratégica para o país que para além de estar no pensamento dos governantes, esteja plasmada em termos objetivos e rigorosos em documentos com carácter vinculativo.
Já percebemos que o mais fácil está a ser feito, para quando o mais difícil? Para quando as alterações complexas e estruturais que darão modernidade, eficiência e eficácia ao Estado?
Será certamente impopular, mas este Governo terá de aproveitar o actual apoio na sociedade civil e no parlamento para verdadeiramente encetar as mudanças que cortando o peso excessivo do estado promovam crescimento e competitividade. Há bem mais a fazer que a austeridade.
É que parece que ninguém ouve os empresários ou então têm uma perspetiva que o limite está longe, que o tecido produtivo é mais elástico e resiliente, mas na verdade parece que as empresas caiem à razão de 8 por dia. Não cairão apenas as mais fracas, as menos preparadas, mas também aquelas que num salto de conjuntura foram apanhadas por fatores completamente exógenos à sua atividade, fatores não percetíveis e decorrentes de efeitos colaterais.
Só conseguiremos pagar aos credores e reduzir o deficit se produzirmos, se criamos riqueza, se vendermos aos consumidores internos e externos. Na nossa opinião se o decréscimo da atividade for de 2,8% e não forem tomadas medidas que estimulem a economia que acompanhem a execução deste orçamento, poderemos não estar a crescer em 2013, o que é grave.
Falta ainda a este documento uma ideia, um ambiente de esperança que promova um elã de realização que, sendo intangível, é de grande importância para prossecução dos objetivos e vital para a motivação.

José Couto
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Texto publicado no jornal «as Beiras»
O nosso colega José Couto é presidente do Conselho Empresarial do Centro (CEC)

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