segunda-feira, março 15, 2010

«De pequenino se torce o pepino» - um texto do Carlos Carvalho

«De pequenino se torce o pepino»

"Este ditado popular acompanhou-me desde a data do meu nascimento. Tornou-me um provocador militante. Em termos gerais, as pessoas que sempre gostaram de mim, assimilaram que esta era uma forma de eu lhes querer bem, de os ajudar a crescer maduramente, pois perceberam que o meu intuito era esse mesmo. Assim entenderam e entendem os meus 35 sobrinhos e os meus 3 filhos. Mais algumas outras pessoas. Ajudei-os a crescer, provocando-os, estimulando-os a descobrir.
Infelizmente, na vida profissional, muitos encararam esta minha maneira de ser, como competição feroz da minha parte e não regatearam esforços para me prejudicar, como forma de auto-defesa.
Como aprendi, tardiamente, num dos inúmeros cursos de formação que frequentei, a culpa de uma mensagem não adequadamente transmitida, é sempre do emissor, não do receptor.
Já assumi inteiramente o erro. Com enormes custos.
Mas, vamos ao que interessa.
Mais uma vez, provocantemente afirmo, que esta ideia de fazer a nossa reunião na FEUC, partiu do meu cérebro, brilhantemente estimulado pelos vapores etílicos de um grego bar da cidade de Aveiro. Está quase a fazer 1 ano. Não é verdade, Paulo e Jorge?
O nosso special one, enorme Administrador Executivo, a quem esta Organização Galinheira muito deve, ouviu-me e fez ( mais uma vez) as coisas acontecerem (um grande Bem - Haja ao Paulo).
Aqui chegado, proponho que a nossa reunião de 15 de Maio próximo, reúna 3 dos nossos mais marcantes Professores.
O Joaquim Feio, sem dúvida alguma, o Júlio Mota e o Boaventura Sousa Santos.
Sem deixar os meus créditos por mãos alheias, deixava aqui expressa mais uma provocação.
A Ideia:
Todos nós sentimos que as cadeiras mais exigentes e marcantes do nosso curso foram: Introdução à Economia e Economia Internacional. Também, talvez Contabilidade Analítica (Belmiro Moita).
O desafio que eu lanço é o seguinte:
Obter junto da Secretaria da Faculdade o ranking das notas destas cadeiras de cada um de nós e estabelecer a comparação com o ranking dos nossos IRS. Como remate, solicitar ao Boaventura Sousa Santos a criação de um Observatório que analise as discrepâncias sobre o Conhecimento Científico Adquirido e Rendimento Auferido ao longo destes 27 anos. (Atenção: isto é uma provocação. Não levem a sério)
A grande maioria de nós, enquanto jovens, que bramia bandeiras vermelhas e verberava pelo socialismo e igualdade de oportunidades. Chegados a quadros dirigentes, com responsabilidade nas Empresas e outras Instituições, acabamos por contribuir para uma sociedade cada vez mais desigual, egoísta e consumista. Alguns de nós "safaram-se" e estão melhor que os respectivos Progenitores. Mas o Mundo de oportunidades que estamos a deixar aos nossos filhos é muito pior do que aquele em que vivíamos entre 1978-1983, mais ano menos ano!
Não seria um bom tema para o Boaventura Sousa Santos dissertar?
Não quero que vá para a faculdade de bicicleta ou de "carocha" como antigamente. Ou de sandálias mexicanas (lembram-se?). A questão actual será, provavelmente ( não faço a mínima ideia), se vai de "série 3", "série 5" ou "série 7"( sempre a provocar).
Eu estou desempregado, a minha filha mais velha, já Arquitecta, também está desempregada. Os outros 2 filhotes, estudantes universitários, (uma delas na nossa FEUC) já me questionaram se valia a pena continuarem a estudar ou se deveriam procurar uma outra alternativa. Vêem o Pai com uma licenciatura, 2 pós-graduações e um MBA na situação em que está, vêem a situação da irmã e a dúvida torna-se metódica.
Acreditem que, mais que nunca, isto também pode acontecer a qualquer um de vocês. De um dia para o outro!
Não acham que valia a pena pensarmos nisto?
Não se esqueçam que hoje em dia, contrariamente ao que aprendemos, 3 meses é longo prazo. Deixou de ser curto prazo.
Não estão de acordo comigo que isto seria um tema interessante e actual a desenvolver pelo Boaventura Sousa Santos?
E a questão do colapso da UE, não estão de acordo comigo de que poderá vir a ser um assunto a ponderar no futuro?
O que se poderá passar daqui a 3 anos, caso o nosso deficit, o grego, o irlandês e mais os que virão por aí adiante estiverem descontrolados? Como se poderá desenrolar e que consequências poderão surgir face a uma ruptura da União Monetária?
Não seria uma questão interessante a colocar ao Júlio Mota?
A provocação final, ficaria para o Joaquim Feio, não para uma Análise Comparada das Modernas Teorias Económicas mas sim no sentido de uma Nova Ordem Económica Mundial, onde, por exemplo, as empresas fossem tributadas não em função dos lucros mas em função da sua intervenção e responsabilidade social e ambiental. Uma taxa de IRC em função dos empregos criados ou desempregos forjados. A Taxa de IRC em função dos níveis e aumentos/ diminuições salariais. Acho que é aqui que reside o busílis do futuro. O "business" é que comanda o Mundo. Basta alterar a lógica do "business". Se um empresário pagar menos impostos por pagar melhor aos seus colaboradores, ele vai perseguir isso. Se um empresário pagar menos impostos por criar mais emprego, ele inventa empregos. O Estado até poderia vir a auferir menos impostos directos, mas a recuperação da receita através de impostos indirectos, dado o aumento do consumo, seria mais que evidente. Seria interessante saber, por exemplo, qual o impacto de uma diminuição de 10% ( +%, -%) no IRC das empresas que aumentassem em 10% (+%, -%) o número de empregados. Contabilizando os efeitos dos custos sociais poupados, poder-se-ia chegar à conclusão que, através do acréscimo de IVA cobrado, o saldo seria muito positivo. Esta ideia de dar a adequada cenoura ao respectivo burro consubstanciada por um académico em Nova Teoria, tripulando o "business", até poderá grangear um Prémio Nobel. Quem sabe?

Sempre a Provocar

Carlos Carvalho

ps -
Esta vivência académica
Tão densa como a espuma
Levanta tanta polémica.
Não tem verdade nenhuma.
João Cardoso

Foi assim que o João me presenteou no dia do meu aniversário, com este poema escrito num postal.
Continuas a ser o MAIOR, João Manuel Ralha de Jesus Cardoso.
Carlos"

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